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quinta-feira, 5 de agosto de 2010

“RECONHEÇA, NÃO CRITIQUE, MUDE”


OS DEFEITOS DOS OUTROS

O que percebemos como defeito nos outros é simplesmente uma representação dos nossos próprios defeitos. Se observarmos o que se passa com a outra pessoa, poderemos usar aquilo que notamos como um espelho para conhecermos a nós mesmos. Um comentário sobre dois versos do Dhammapada, de autoria da falecida Ayya Khema.

“Fáceis de serem vistos são os defeitos dos outros,
Difíceis mesmo de ver são os nossos;
Os defeitos dos outros você revela
Como no ato de separar a casca do grão,
Mas os seus próprios defeitos você esconde
Como o trapaceiro esconde a jogada perdida.
Aqueles que sempre se queixam dos defeitos dos outros,
Que criticam constantemente,
Os desejos deles crescerão
Distantes estão eles da cessação dos seus desejos.”
Dhp 252-3    

ESSAS DUAS ESTROFES do Dhammapada são de relevância universal e capazes de gerar insights significativos. Na primeira estrofe, nossa tendência para esconder nossos defeitos é como o subterfúgio de trapacear, porque essencialmente estamos sendo desonestos para com nós mesmos. Reconhecer como somos na realidade é extremamente difícil, especialmente em relação aos nossos defeitos, pois a nossa opinião sobre nós mesmos é sempre tão fora do ponto, ela é ou muito alta, ou muito baixa. A melhor maneira de obtermos um retrato claro e realista de nós mesmos é nos observarmos com atenção plena.

Não é difícil para nós notarmos os defeitos das outras pessoas, pois eles freqüentemente nos irritam e nesse estado negativo ficamos convencidos de que aquilo que pensamos é o certo e que por isso temos o direito de julgar. E nós ficamos prontos para criticar, e ao fazer isso esquecemos que o nosso pensamento está baseado nas nossas próprias opiniões, que não são completamente imparciais. Num certo sentido, todas as nossas opiniões estão erradas, pois elas estão enraizadas na ilusão do nosso ego: “eu tenho, eu quero, eu farei; eu acredito, eu sei, eu penso.” No nível relativo, essas nossas opiniões podem retratar a verdade, mas a verdade relativa não poderá nunca ser suficiente para nos satisfazer completamente, pois no fim, ela pode expressar apenas a verdade de um ego contra a de um outro ego. Uma pessoa acredita nisso, uma outra acredita naquilo; uma faz isso de um jeito, uma outra faz isso exatamente do jeito oposto. A verdade construída em torno da noção de um ego não pode ser absoluta e pura. Na melhor das hipóteses, ela reflete preferências pessoais. A verdade relativa não pode ir além disso.

Partindo do ponto de vista da verdade absoluta, temos um quadro muito diferente. A partir dessa perspectiva, nós começamos a entender que os defeitos que nos preocupam nos outros deveriam ser reconhecidos em nós mesmos com o mesmo interesse. Os defeitos dos outros são um reflexo dos nossos próprios, pois do contrário não seríamos capazes de reconhecê-los. Quando vemos alguém com raiva ou exibindo-se com ostentação, nós reconhecemos esses defeitos por já termos experienciado esses estados em nós mesmos. Nós sabemos como essas reações emocionais surgem e como as sentimos. Do mesmo modo, diz-se que só um Buda pode reconhecer um Buda, porque só um iluminado conhece a iluminação.

Quando a crítica repetida se tornar um hábito, nós teremos entalhado marcas de negativismo dentro de nós mesmos. Provavelmente todos nós conhecemos alguém que faz da crítica um hábito, e nós sabemos o quão desagradável é escutá-lo. Portanto, devemos estar alertas para com as nossas críticas, e evitar que as outras pessoas sofram com esse hábito desagradável. Deveríamos também estar conscientes de que cada vez que criticamos, estamos gradualmente formando um hábito.

E se, ao contrário, usarmos a oportunidade para observar o que está acontecendo com as outras pessoas, poderemos usar o que notamos no comportamento delas como um tipo de espelho de nós mesmos. E esse é um espelho precioso, porque embora ele não nos proporcione uma vista dos nossos traços físicos, ele nos permite começar realmente a difícil tarefa do auto-conhecimento. Essa tarefa é difícil porque nós não só somos desprovidos de atenção, como preferimos essa situação – nós preferimos não conhecer a verdade; estamos ansiosos por evitá-la por que tememos que ela seja desagradável.

Como vimos, aquilo de que nos ressentimos mais nos outros são aquelas características que menos gostamos em nós mesmos.

Reconhecer a verdadeira natureza daquilo que criticamos nos outros, irá nos ajudar a desenvolver uma nova opinião a nosso respeito. Nós nos libertaremos daquilo que nos ofende, não evitando as pessoas com esses defeitos, mas deixando de lado a necessidade de fazer com que os outros sejam responsáveis por não serem do jeito que nós achamos que eles deveriam ser.

Original em inglês publicado na revista ‘Buddhadharma’ – Volume 1, Número 3 - Spring 2003.
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